Nunca fui muito boa em escrever sobre coisas tristes. Porque sempre na vida eu acreditei que meu sorriso e minha felicidade poderiam ser maiores que tudo. Mas é aí que dias como esses chegam e você não sabe o que fazer... E nem muito menos o que falar. Foi então que eu encontrei alguém que já disse o que eu sinto com muitas palavras e cheio de sentimento. Então, eu pensei... Por que não mostrar pro meu Reino que sua Rainha também pode ser lágrima e um pouco de angústia?
Pela janela consigo ver um sol robusto em um céu limpo. O dia está radiante e o interior da minha casa num frio cavernoso de dar medo. Meu coração costumava-se acalmar em dias assim. Mas meus olhos parecem não conseguir mais transmitir beleza alguma para dentro de mim. E de repente, sem aviso prévio, as lágrimas começam a escorrer.
Existem mágoas difíceis de serem administradas que inundam nosso corpo de amargura, nos fazendo agonizar, ansiando pelo fim. Não há controle e nem alivio, apenas dor, como um câncer em metástase iminente. Estas dores se tornam mais presentes a cada dia de forma mais vigorosa, mostrando de maneira clara que o passado nada mais é que o pedaço vivo do presente. Olho ao redor e vejo pessoas necessitando de ajuda e vou ao encontro delas, mas sem compreender direito quem será ajudado na história.
Então, quando dou por mim, eu já estou discorrendo um texto e deixando ali um guia teórico para quem quiser pegar. Enquanto isso minha alma perturbada, começa a urrar, pedindo socorro. E quando sorriem, já um pouco tranqüilizados, eu respondo com um doce sorriso de quem vive plenamente. E assim se passaram anos e nada mudou. Então saio e olho para o céu, tentando buscar uma resposta, uma esperança.
Deixo o sol me aquecer e permaneço ali por horas entre devaneios e espasmos de "porquês". Procuro aceitar algumas brutalidades como um mero aprendizado. Porém como um ciclo ele vem se repetindo. E eu querendo cada vez mais entrar em um processo de isolamento. Desaprendi a estar no meio social. Não há resguarda ou amparo, sou eu e apenas eu.
Preciso agora de apenas um alívio, uma folga de tudo isso. Tem sido um consumismo sufocante. O silêncio dita minhas noites no clamor do meu desespero. Eu só gostaria de pelo menos por uma noite, poder fechar os olhos e não sentir o mundo em minhas costas.
Sarah Áblun
Saudações!